![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840459,00.jpg)
Chery QQ
Apenas algumas horas depois de retirar o QQ cedido para teste pelo pessoal da Chery-Socma, fiz uma lista com os cinco principais preconceitos que teremos aqui na Argentina com os carros chineses, e como o QQ se inclui nessa história.
Mais que um exercício jornalístico, foi uma catarse. A ideia foi colocar no papel meus próprios preconceitos para me dedicar durante uma semana a avaliação do QQ com a cabeça mais aberta possível, sem se importar com a origem do carro. As conclusões a que cheguei durante os sete dias que fiquei com o modelo chinês estão nas linhas abaixo.
Por fora
![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840460,00.jpg)
O Chery QQ não é apenas uma cópia do Daewoo Matiz, modelo que é vendido na Argentina, já na segunda geração, como Chevrolet Spark. Mas é preciso admitir que o QQ tem aspecto mais simpático que seu clone, com uma frente arredondada e uma série de detalhes próprios. Na traseira aumentam as semelhanças entre os dois modelos e o desenho passa a ser mais convencional.
O QQ é 55 milimetros maior que o Spark, tem a mesma largura e a mesma altura, mas o entreeixos é cinco milímetros menor. Também é 40 quilos mais leve. A medida dos pneus são iguais: 155/65R 13, todos Yokohama A.Drive. As rodas são de aço.
Também merece destaque as cinco portas, algo que também oferecem Chevrolet Spark, Hyundai i10 e Kia Picanto, mas que não é tão comum entre os modelos do segmento. Por exemplo, o Ford Ka tem apenas três portas e o Fiat Uno também, com a versão de cinco oferecida por um pouco mais.
Por dentro
![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840461,00.jpg)
No interior cabem com folga dois adultos na frente e dois atrás, embora o banco traseiro esteja homologado para levar três ocupantes. O desenho do painel os equipamentos de série estão entre os itens que mais surpreendem no QQ, principalmente quando nos referimos ao preço sugerido do carro. A unidade testada será vendida por 42.247 pesos argentinos (equivalente a R$ 18.400). No Brasil, o carro custará a partir de R$ 22.900, como chegou a ser anunciado.
Os tons claros do revestimento e do carpete são agradáveis. Favorecem a luminosidade e dão a sensação de mais espaço interno. No entanto, dizem que a maioria dos consumidores do Mercosul preferem tons escuros, o que não concordo. Mas tenho que concordar que as cores claras são mais fáceis de sujar, principalmente num carro que, provavelmente, levará crianças.
O nível de acabamento é bem simples. Melhor que no Ka e Mille, mas pior que no Spark, i10 , Picanto e novo Uno. O porta-luvas da unidade testada apresentou uma curiosa tendência de se abrir em pisos acidentados. Mas apesar de ser o carro de passeio mais em conta do mercado argentino (ficará entre os mais em conta no Brasil, assim que chegar por aqui em março), o QQ surpreende pelos seus itens eletrônicos.
Os instrumentos digitais são completos, incluindo até marcador de consumo instantâneo. Além disso, há vidros elétricos nas quatro portas, comando elétrico dos retrovisores, alarme, abertura do tanque e do porta-malas por dentro do carro e até sensores que ajudam nas manobras. Para encontrar um carro com esse mesmo nível de equipamentos é preciso estar disposto a pagar o dobro do preço do QQ.
![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840479,00.jpg)
Os problemas começam com o sistema de som que não toca CD e nem sintoniza a maioria das rádios AM. Vem com botões de qualidade dividosa, mas tem entrada USB com cabo para adaptar uma série de dispositivos. Ruim também é que o ar-condicionado consume muita força do motor, mas funciona a contento. O porta-malas é bem pequeno, tem 190 litros de capacidade. É suficiente apenas para levar uma breve compra de supermercado. O acabamento do compartimento de bagagem também deixa a desejar, deixando à mostra parte da lataria, mas conta com estepe do mesmo tamanho das demais rodas.
A posição de dirigir é bem elevada. O banco do motorista tem várias regulagens, mas faltam apoios para o corpo, o que atrapalha principalmente na curvas e em viagens mais longas.Os encostos de cabeça têm regulagem de altura, mas os da unidade testada estavam frouxos. E aqui temos um contraste do QQ: apesar dos itens eletrônicos, fica devendo o básico quando o assunto é segurança.
Motor e transmissão
O QQ tem um motor mais moderno e potente que seu clone Spark. Trata-se de um quatro cilindros, a gasolina, de 16 válvulas, com 1.1 litro de cilindrada e 68 cavalos a 6.000 rpm. O torque máximo é de 9,8 kgfm entre 3.500 e 4.000 rpm. São números suficientes para andar com certa agilidade em trecho urbano, com consumo prometido de 14,3 km/l na cidade.
Mas o motor é bem barulhento por falta de isolamento acústico. Basta atingir 2.000 rpm com motor frio para o estranho ronco começar – o que me fez pensar que o escapamento estivesse furado. A caixa de câmbio é manual de cinco marchas. Tem relações longas e engates imprecisos e ruidosos.
Mas o motor é bem barulhento por falta de isolamento acústico. Basta atingir 2.000 rpm com motor frio para o estranho ronco começar – o que me fez pensar que o escapamento estivesse furado. A caixa de câmbio é manual de cinco marchas. Tem relações longas e engates imprecisos e ruidosos.
Comportamento
![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840462,00.jpg)
Um dos aspectos do QQ que mais chamam atenção fica por conta da suspensão que permite uma inclinação da carroceria bem acima do ideal, além do eixo dianteiro bastante ruidoso. Em uma semana de teste fica difícil avaliar o grau de durabilidade de alguns componentes, mas nenhuma das peças do QQ me deixaram mais em dúvida em relação a isso quanto as do trem dianteiro.
A direção hidráulica é imprecisa e não transmite segurança ao condutor e obriga o motorista a se acostumar com o comportamento do carro nas curvas. Mesmo assim, as quatro rodas ficam apoiadas no asfalto, mesmo nas manobras mais bruscas. De qualquer forma, mesmo nos modelos com curta distância entreeixos e boa altura, com centro de gravidade elevado, a tendência de sair de frente é maior do que o normal. Além disso, os freios mostram claros sinais de cansaço depois de uso intenso, com fácil tendência de bloquear as rodas, mesmo em frenagens não muito fortes.
Em viagem, o motor tem potência suficiente para acompanhar o fluxo, mas com alto nível de ruído. A 120 km/h, trabalha a 4.200 rpm, não muito longe do regime de corte a 6.500 rpm. Em contrapartida, o QQ é fácil de estacionar em qualquer vaga.
Conclusão
Conclusão
![Ian Oppenheimer](http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/foto/0,,43840496,00.jpg)
O Chery QQ é um carro popular que vai surpreender os que irão conhecê-lo em um dos 25 concessionários que a marca chinesa já tem no mercado argentino.Tem nível de equipamentos imbatível no segmento e o preço mais baixo encontrado na Argentina.Num primeiro momento, o QQ também conquista pelo desenho simpático, pelo interior luminoso e pela praticidade das cinco portas.
Mas dúvidas surgem depois de dirigi-lo. Por mais curto que seja o teste, recomenda-se que seja feito antes de decidir pela compra. Depois de uma semana como carro, o fraco desempenho, o câmbio impreciso, o motor ruidoso, a suspensão excessivamente suave e os freios que bloqueiam as rodas, além da direção que não transmite segurança me deixaram com muitas interrogações.
Siga @meucarropelaweb no Twitter e confira as principais matérias sobre o carro que você tanto deseja, além de promoções exclusivas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário